ORGANIZAÇÃO BUROCRÁTICA
Sem ela não podemos existir
17.03.2025 | 4 minutos de leitura

Luiz Barros
Para muitos, a palavra burocracia pode evocar
imagens de papelada interminável e ineficiência operacional. No entanto, é um
sistema que possui tanto um conjunto de benefícios estruturais quanto desafios
inerentes.
Max Weber, um dos pais da sociologia, apontou a
burocracia como um meio indispensável de organização nas empresas, governos ou
nas organizações não governamentais. Neste contexto está inserido o Instituto
Pobres Servos da Divina Providência.
Exercendo nosso trabalho profissional inseridos
numa Obra que tem como missão específica, avivar no mundo a fé e confiança em
Deus, Pai de todos os seres humanos, através do abandono total na sua Divina
Providência, qual será o nosso jeito de anunciar esse carisma em meio a tantos
trâmites burocráticos? Não é estranho na teologia da justificação[1]
encontrarmos a expressão “Economia Divina”, aquela parte da revelação divina na
tradição cristã que trata da criação e gestão do mundo por Deus,
particularmente seu plano de salvação realizado por meio das Igrejas.
Se entendermos a salvação não somente com a
divinização da alma, mas como uma dimensão integral, logo podemos dizer que
quem está a serviço do burocrático, do administrativo/financeiro, contribui,
enormemente, com a “Economia Divina”.
Quantos colaboradores, no início do mês, saem satisfeitos
por terem recebidos seu salário, o qual se transforma em fonte de energia e
salvação! É com o salário que se compra alimentos, água, luz e outras fontes
que alimentam a vida humana. Tudo isso é fonte de salvação se entendemos
salvação numa perspectiva integral.
Diante do estresse, dos compromissos a serem
assumidos, das cobranças que nos chegam, é bom ter sempre em mente: “Assumo
tudo isso com garra porque estou a serviço do cuidado com a casa”, pois a
palavra economia vem do grego oikonomía, casa). Lendo o termo numa
perspectiva da ecologia integral, cuidar da economia é cuidar da Casa Comum.
Na literatura Calabriana os exemplos são claros,
pois quase todos os sinais da manifestação da providência divina se dão através
do financeiro, da “Economia Divina”. Os exemplos não faltam.
“Por volta do
ano 1915 a Congregação passou por muitas dificuldades econômicas (era o tempo
da Primeira Guerra Mundial). Uma manhã padre Calábria celebrou a Santa Missa
para pedir a ajuda da Providência de Deus: percebia que estava por vir. No meio
da manhã, ele estava passeando no jardim rente à portaria esperando a
Providência.
A campainha
tocou. Avisaram o padre Calábria que tinha chegado o Monsenhor Serenelli, seu
amigo benfeitor. “Deve ter vindo – pensou o Calábria – para recomendar-me algum
menino carente”. Foi à portaria. Monsenhor Serenelli o abordou: “Pensei que
seria melhor fazer alguma coisa na vida, sem esperar a morte. Eu possuo alguma
coisa. Era o meu desejo levá-lo para Dom Bosco. Mas esta manhã me senti
impelido a trazê-lo ao senhor. Parecia-me que Dom Bosco me enviasse a São Zeno
in Monte”.
Padre
Calábria agradeceu e disse-lhe que estava mesmo esperando a Providência.
Monsenhor Serenelli entregou-lhe um envelope e saiu. O padre Calábria abriu e
encontrou uma considerável importância em dinheiro.”[2]
Neste sentido, quem trabalha com o financeiro na
Obra Calabriana, tem a alegria de tocar com as mãos a materialização daquilo
que chegou até nós através da operosa Providência Divina. Depois tem a nobre
missão evangélica e ética de administrar os recursos que na fé que professamos,
vem de Deus e a Ele pertence. Desse
modo, cooperamos com a “Economia Divina”, quando gestamos com cuidado e zelo os
recursos que providencialmente recebemos.
Vale salientar, que quem gasta a sua vida a
serviço do burocrático na nossa Instituição, talvez não pregue no púlpito o
carisma, a espiritualidade e missão da Família Calabriana, mas, nem por isso,
se encontra num nível inferior em relação àqueles e aquelas que receberam o
encargo de anunciar por meio da Palavra o jeito de ser e fazer da Obra.
Segundo o apóstolo Paulo, os carismas e os dons são
diferentes, e de acordo com Espírito Santo devem ser usados para o bem da
comunidade, para o bem da Obra. Paulo, também evoca a imagem do corpo com suas
partes, para dizer que tudo tem a sua função e que nenhum membro é superior ou
inferior a outro. Por isso, quando um setor não está bem, toda a Obra sofre.
Tudo está interligado numa interdependência permanente.
Concluímos este pequeno artigo dizendo que a
burocracia é um meio essencial na Obra Calabriana, e ela tem a missão de
administrar com espírito evangélico e ético os recursos que na fé recebemos
como expressão carinhosa do nosso Deus, que é Pai Providente.
Lembramos, também, que no grande corpo da Obra não
somos um membro estranho, indiferente, sisudo, mas com alegria, somos um dom
maior do Espírito, e exercemos nossa função/missão na certeza de que não
estamos sozinhos. Nosso Deus, que é Pai Providente, está em nosso meio e se
revela através de sua maternal ternura.
Luiz Barros
Para muitos, a palavra burocracia pode evocar
imagens de papelada interminável e ineficiência operacional. No entanto, é um
sistema que possui tanto um conjunto de benefícios estruturais quanto desafios
inerentes.
Max Weber, um dos pais da sociologia, apontou a
burocracia como um meio indispensável de organização nas empresas, governos ou
nas organizações não governamentais. Neste contexto está inserido o Instituto
Pobres Servos da Divina Providência.
Exercendo nosso trabalho profissional inseridos numa Obra que tem como missão específica, avivar no mundo a fé e confiança em Deus, Pai de todos os seres humanos, através do abandono total na sua Divina Providência, qual será o nosso jeito de anunciar esse carisma em meio a tantos trâmites burocráticos? Não é estranho na teologia da justificação[1] encontrarmos a expressão “Economia Divina”, aquela parte da revelação divina na tradição cristã que trata da criação e gestão do mundo por Deus, particularmente seu plano de salvação realizado por meio das Igrejas.
Se entendermos a salvação não somente com a divinização da alma, mas como uma dimensão integral, logo podemos dizer que quem está a serviço do burocrático, do administrativo/financeiro, contribui, enormemente, com a “Economia Divina”.
Quantos colaboradores, no início do mês, saem satisfeitos por terem recebidos seu salário, o qual se transforma em fonte de energia e salvação! É com o salário que se compra alimentos, água, luz e outras fontes que alimentam a vida humana. Tudo isso é fonte de salvação se entendemos salvação numa perspectiva integral.
Diante do estresse, dos compromissos a serem assumidos, das cobranças que nos chegam, é bom ter sempre em mente: “Assumo tudo isso com garra porque estou a serviço do cuidado com a casa”, pois a palavra economia vem do grego oikonomía, casa). Lendo o termo numa perspectiva da ecologia integral, cuidar da economia é cuidar da Casa Comum.
Na literatura Calabriana os exemplos são claros,
pois quase todos os sinais da manifestação da providência divina se dão através
do financeiro, da “Economia Divina”. Os exemplos não faltam.
“Por volta do
ano 1915 a Congregação passou por muitas dificuldades econômicas (era o tempo
da Primeira Guerra Mundial). Uma manhã padre Calábria celebrou a Santa Missa
para pedir a ajuda da Providência de Deus: percebia que estava por vir. No meio
da manhã, ele estava passeando no jardim rente à portaria esperando a
Providência.
A campainha
tocou. Avisaram o padre Calábria que tinha chegado o Monsenhor Serenelli, seu
amigo benfeitor. “Deve ter vindo – pensou o Calábria – para recomendar-me algum
menino carente”. Foi à portaria. Monsenhor Serenelli o abordou: “Pensei que
seria melhor fazer alguma coisa na vida, sem esperar a morte. Eu possuo alguma
coisa. Era o meu desejo levá-lo para Dom Bosco. Mas esta manhã me senti
impelido a trazê-lo ao senhor. Parecia-me que Dom Bosco me enviasse a São Zeno
in Monte”.
Padre Calábria agradeceu e disse-lhe que estava mesmo esperando a Providência. Monsenhor Serenelli entregou-lhe um envelope e saiu. O padre Calábria abriu e encontrou uma considerável importância em dinheiro.”[2]
Neste sentido, quem trabalha com o financeiro na Obra Calabriana, tem a alegria de tocar com as mãos a materialização daquilo que chegou até nós através da operosa Providência Divina. Depois tem a nobre missão evangélica e ética de administrar os recursos que na fé que professamos, vem de Deus e a Ele pertence. Desse modo, cooperamos com a “Economia Divina”, quando gestamos com cuidado e zelo os recursos que providencialmente recebemos.
Vale salientar, que quem gasta a sua vida a
serviço do burocrático na nossa Instituição, talvez não pregue no púlpito o
carisma, a espiritualidade e missão da Família Calabriana, mas, nem por isso,
se encontra num nível inferior em relação àqueles e aquelas que receberam o
encargo de anunciar por meio da Palavra o jeito de ser e fazer da Obra.
Segundo o apóstolo Paulo, os carismas e os dons são
diferentes, e de acordo com Espírito Santo devem ser usados para o bem da
comunidade, para o bem da Obra. Paulo, também evoca a imagem do corpo com suas
partes, para dizer que tudo tem a sua função e que nenhum membro é superior ou
inferior a outro. Por isso, quando um setor não está bem, toda a Obra sofre.
Tudo está interligado numa interdependência permanente.
Concluímos este pequeno artigo dizendo que a
burocracia é um meio essencial na Obra Calabriana, e ela tem a missão de
administrar com espírito evangélico e ético os recursos que na fé recebemos
como expressão carinhosa do nosso Deus, que é Pai Providente.
Lembramos, também, que no grande corpo da Obra não
somos um membro estranho, indiferente, sisudo, mas com alegria, somos um dom
maior do Espírito, e exercemos nossa função/missão na certeza de que não
estamos sozinhos. Nosso Deus, que é Pai Providente, está em nosso meio e se
revela através de sua maternal ternura.